sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bate -Papo ENG 2012-Thiago Hioshino

Formado em direito pela Universidade Federal do Paraná e atuante na assessoria jurídica popular e pesquisador junto a comunidades urbanas em Curitiba e Região Metropolitana. Dessa práxis surgiu o interesse específico em desenvolver, em nível de mestrado, uma investigação mais aprofundada sobre a relação entre as dinâmicas próprias da cidade e os processos de dominação/interação sócio e étnico-espaciais, em diálogo com marcos teóricos da história, da antropologia e da geografia. Nesse último caso, a aproximação, tanto na academia como na militância política, deu-se mais intensamente em função da articulação de resistências às violações de direitos e aos impactos gerados pela recepção dos megaeventos esportivos no Brasil, por meio da atuação dos Comitês Populares da Copa e Olimpíadas, de composição multifacetária e multidisciplinar, organizados hoje numa Articulação Nacional das 12 cidades-sede. O bate-papo de hoje é com Thiago Hioshino, deixe seus comentários para o nosso convidado.

PPEG- Como é (ou qual é o objetivo) dos Comitês Populares da Copa?

Thiago - A associação entre os megaprojetos neodesenvolvimentistas do Estado brasileiro, o modelo de empresariamento urbano que vem sendo adotado pelas gestões locais e a recepção de uma seqüência de grandes eventos no país, em especial de natureza esportiva (Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos 2016), pelo tipo de economia simbólica própria que são capazes de mobilizar, produz um conjunto grave de impactos sociais, ambientais e urbanísticos em nossas cidades. Os Comitês Populares da Copa consistem em espaços autônomos de confluência de lutas populares desde a sociedade civil organizada (movimentos sociais, ONGs, universidades, sindicatos, coletivos independentes de cultura e mídia, comunidades atingidas, etc.), que busca enfrentar as violações de direitos das populações ameaçadas por esse processo, bem como monitorar a ação governamental e dos agentes privados, produzindo informação e fortalecendo e atualizando a agenda da Reforma Urbana e do Direito à Cidade. Grande parte dessas ações podem ser acompanhadas através do portal: http://www.portalpopulardacopa.org.br/ Aí encontra-se também disponível a segunda edição do Dossiê Nacional "Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Brasil", que relata, em linhas gerais, denúncias recolhidas pelos Comitês Populares e análises que estes têm realizado sobre o tema.
 
PPEG-Como vai ser a abertura da mesa redonda com a presença de Jorge Luiz Barbosa e Willian Rosa Alves de Auditório 1A CAD123-jul / 19h00 no Eixo 1-Reestruturação produtiva do capital: grandes projetos de desenvolvimento e conflitos territoriais, a temática: A copa do mundo é nossa? Expropriação como esporte.
 
Thiago - Em resumo, como representante da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP), pretendo expor alguns dos casos mais emblemáticos em termos de violações de direitos humanos e impactos socioambientais com os quais temos trabalhado nas 12 cidades-sede dos jogos, além de compartilhar as análises mais gerais que temos levado a cabo sobre esse processo específico como parte de um espectro mais amplo de problemas relacionados ao modelo de governança e "desenvolvimento" urbano atualmente hegemônico, o qual reforça a exclusão ao impor as regras do mercado como diretrizes de produção, reprodução e organização do espaço. Mais do que isso, a ideia é também debater as estratégias de resistência que têm surgido a partir da mobilização popular para enfrentar essa nova fase de reterritorialização do capital nas cidades.
 
Fica como sugestão de leitura e reflexão o Dossiê Violações de Direitos Humanos, clique aqui e confira.

 

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