quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Entrevistado do Mês

Em 2001, pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) realizou a graduação em Licenciatura Plena e em 2005, já na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), objetivou a graduação em Bacharelado e no ano seguinte na mesma Universidade concluiu o Mestrado em Geografia com ênfase em Análise Ambiental. Atualmente o nosso entrevistado está fazendo Doutorado em Geografia Física pela Universidade de São Paulo (USP). Então, a entrevista desse mês é com o Ms. Moisés Rehbein, (conheci no curso de ArcGis realizado no mês passado), que nos presenteia em primeira mão um trecho do seu artigo que será publicado na próxima edição da Revista GEOUSP, além das belíssimas referências bibliográficas que nos indica deixa também um recadinho no final da entrevista.

PPEG - Como foram os seus estágios?

Moisés Rehbein – Trabalhei em diferentes projetos, voltados tanto ao ensino como à pesquisa. Tais projetos estiveram relacionados a monitorias e aos estágios obrigatórios da licenciatura e do bacharel.
Os estágios foram muito proveitosos, no sentido de possibilitarem experimentações práticas, questionamentos, reflexões, etc. dos postulados teóricos, vivenciados academicamente. Nos estágios também há possibilidades de se aprofundar em certas áreas do conhecimento geográfico, sobretudo pelo emprego de métodos e técnicas no alcance dos objetos de estudo. Ao mesmo tempo, em que possibilitam aprofundar em certas áreas do conhecimento geográfico, os estágios também nos dão “visão de conjunto”. Às vivencias interdisciplinares, possíveis nos estágios, pela convivência com profissionais de diferentes áreas, colocam-nos a refletir sobre os significados, num contexto relacional, dos conhecimentos que produzimos.

PPEG- Conte-nos um pouco sobre o seu trabalho de conclusão.

Moisés Rehbein – No meu trabalho de conclusão (Bacharelado em Geografia) realizei mapeamento e análises de viés geomorfológico de alguns lotes urbanos de Viamão, loteamentos das Augustas. Este trabalho esta disponível, na íntegra, na biblioteca da UFRGS sob o título: “Mapeamento e análise geomorfológica: Vila Augusta/ Viamão/ RS. Também foi adaptado para publicação na Revista GEOSUL (v. 21, n° 42, jul./ dez. 2006, p. 164-84) sob o título “Mapeamento Geomorfológico: análises morfogenéticas e morfodinâmicas em estudo de caso do urbano”. Este trabalho apresenta uma análise geomorfológica, com base na identificação e mapeamento de padrões de formas semelhantes do relevo e respectivos processos morfogenéticos e morfodinâmicos na área da Vila Augusta/ Viamão/ RS, comumente afetada por inundações. Para analisar o quadro geomorfológico da área de estudos, assim como sua gênese e dinâmica, com base na compartimentação e estruturação da paisagem local (AB”SABER, 1969), utilizou-se da proposta taxonômica de Ross (1992). Disserta-se sobre a alteração do sistema hidrológico das vertentes e dos cursos fluviais na Vila Augusta, a partir do processo de ocupação da bacia hidrográfica em que a Vila está inserida.

PPEG - Qual você prefere: Geografia Física ou Geografia Humana? E Por quê?

Moisés Rehbein - Eu reconheço que exista as Geografias Físicas e as Geografias Humanas e que, de abordagens mais especificas, tratam-se de Geografia. Todavia, não me vejo fazendo exclusivamente Geografia Física e ou Geografia Humana, pois trabalho com elementos de abordagens de ambas. Trabalho com o que se tem convencionado chamar de, no meu entender, Geografia Ambiental.

Num artigo intitulado “Ambiente; Urbano; Impactos - Impactos Ambientais Urbanos: Revisões e Construções de Significados”, a ser publicado na próxima edição da Revista GEOUSP, disponível gratuitamente na Internet, a partir de revisões bibliográficas de contemporâneos geógrafos e análises a cerca, trato, como o próprio título do artigo sugere, dentre outros significados, dos significados de Ambiente.
Em “primeira mão”, apresento um fragmento do artigo acima mencionado, no qual elenco concepções para o Ambiente: “(...) As considerações apresentadas sobre o ambiente permitem-nos reconhecê-lo como um conceito abrangente e por isso dotado de aplicações relativas. O conceito de ambiente é flexível. Essas observações, para alguns, soam negativas. Para nós, tais observações remetem à possibilidade de múltiplas articulações teórico-metodológicas que podem nos aproximar da complexidade organizacional do espaço geográfico. O ambiente, um meio, que inteiro, feito de partes na estruturação de um todo, é acepção de processos evidentes e não evidentes, que relacionais e de naturezas diversas, por vezes antagônicas e ainda assim complementares. O ambiente é o reconhecimento de gêneses, funções, transformações, transfigurações e materializa a história das causas, num espaço particular que, articulado a outros, (re) produz dinâmicas no tempo. O ambiente é fixo e fluxo, matéria e energia, “movimentos”, significados entre orgânicos e inorgânicos, que, sobretudo, dotados de valores instituídos economicamente, socioculturalmente e ou politicamente (...).

PPEG - Quais os livros você recomenda aos nossos colegas?

Moisés Rehbein - Boas referências bibliográficas são inúmeras, desse modo, listo algumas que me puseram a refletir ultimamente, no contexto das produções geográficas, seja por abordagens mais teóricas, metodológicas e ou técnicas:

AB’SABER, A. N. Um Conceito de Geomorfologia a Serviço das Pesquisas sobre o Quaternário. Geomorfologia 18. São Paulo: IGEOG-USP, 1969.

COELHO, M. C. N. Impactos ambientais em áreas urbanas – teorias, conceitos e métodos de pesquisa. In: CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Orgs.). Impactos ambientais urbanos no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 19-45.

CORRÊA, L. R. Meio ambiente e a metrópole. In: CORRÊA, L. R. Trajetórias geográficas. 3.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 153-70.

FUJIMOTO, N. S. V. M. Análise ambiental urbana na área metropolitana de Porto Alegre/RS: sub-bacia hidrográfica do Arroio Dilúvio. 2001. 236p. (DOUTORADO) Programa de Pós-Graduação em Geografia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/USP. São Paulo, 2001.

GONÇALVES, C. W. P. Os (des) caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1989.

MORIN, E. O método 1: a natureza da natureza. 2.ed. Porto Alegre: Sulina, 2005.

______. Introdução ao pensamento complexo. 3.ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.

REHBEIN, M. O.; FUJIMOTO, N. S. V. M. Análise ambiental urbana: Vila Augusta/Viamão/ RS. Boletim Gaúcho de Geografia. Porto Alegre: AGB/PA, n, 33, 2007. p. 215-32.

RODRIGUES, C. Geomorfologia Aplicada: Avaliação de Experiências e de Instrumentos de Planejamento Físico-Territorial e Ambiental Brasileiros. Tese de Doutorado em Geografia Física. Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1997, 280 p.

_______. Morfologia Original e Morfologia Antropogênica na definição de unidades espaciais de planejamento urbano: um exemplo na metrópole paulista. Revista do Departamento de Geografia (USP), v. 17, 2005. p. 101-11.

ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista do Departamento de Geografia, n. 8, FFLCH/USP, São Paulo, 1994. p. 63-74.

_______. Ecogeografia do Brasil: subsídios para planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2006. 208 p.

_______. Geomorfologia: ambiente e planejamento. 8° ed. São Paulo: Contexto, 2007. 85 p.
_______. Geomorfologia aplicada aos Eias-Rimas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. p. 291- 336.
_______. O Registro Cartográfico dos Fatos Geomorfológicos e a Questão da Taxonomia do Relevo. Revista do Departamento de Geografia, n. 6, FFLCH/USP, São Paulo, 1992. p. 17-29.

SALOMÃO, F. X. de T.; Processos erosivos lineares em Bauru (SP): regionalização cartográfica aplicada ao controle preventivo urbano e rural. (TESE). Programa de Pós-Graduação em Geografia Física/ USP. São Paulo/ SP, 1994. 200 p.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço. São Paulo: EDUSP, 2002

SUERTEGARAY, D. M. A. Espaço geográfico uno e múltiplo. In: SUERTEGARAY, D. M. A.; BASSO, L. A.; VERDUM, R. (Orgs.). Ambiente e lugar no urbano – a grande Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 2000. p. 13-34.

PS.: que a leitura destas referências bibliográficas possa servir de inspiração! Saudações geográficas aos colegas!

Um comentário:

  1. Excelente blog...vai direto para meus Geolinks.

    Gostei muito das entrevistas. Continuem assim.


    Luiz Amadeu Coutinho
    Geógrafo
    http://www.geoinformacaonline.com

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