O entrevistado desse mês conclui a licenciatura e o bacharelado na Universidade Positivo situada na cidade de Curitiba, no Paraná. Depois foi para os Estados Unidos onde realizou o seu mestrado em Educação Internacional pela Universidade Framingham State College e agora está a prestes de terminar a sua pós-graduação em Tecnologias Educacionais, pela Escola de Pós-Graduação em Educação, da Universidade de Harvard. Depois de ler a entrevista do Luiz Mello, reflita e deixe seus comentários ao nosso entrevistado, logo após a entrevista coloquei um vídeo sobre o Segund Life da Unisinos, que é a primeira Universidade brasileira a aderir a esse plataforma.
PPEG - Como as práticas educacionais americanas podem ser inseridas no Brasil?
Sr. Luiz Mello - Na minha opinião, muito das práticas de ensino dos licenciados em diferentes disciplinas vêm de cima pra baixo. A universidade, formadora do professor, diz o que é certo e o que é errado. O problema é que o professor sai da faculdade depois de quatro anos, e volta somente para atualizar-se no conteúdo da sua disciplina, isso quando volta. Dificilmente ele volta para 'aprender a ensinar'. Para que essas práticas cheguem às salas de aula do ensino fundamental e médio, é necessário criar a cultura de um professor aprender com o outro, durante o dia-a-dia.
Outro ponto importante para que essa inserção seja possível, é melhorar a maneira como o professor se desenvolve na profissão. Acho de suma importância a participação do professor na movimentação política. Porém, acho desproporcional o tempo gasto com essa finalidade. Vejo isso por toda a internet, de listas de discussão ao twitter: muito se fala, por exemplo, sobre a repercussão de notícias (recentemente o professor que jogou o apagador na aluna, ou a professora que encontrou e salvou uma aluna amarrada no banheiro), pouco se fala sobre estratégias de avaliação, partilha de material, sugestões de atividades, trabalhos colaborativos, e outros aspectos que causam muito mais impacto dentro de sala de aula do que discussões sobre questões morais, política ou o noticiário. Nos congressos, não é muito diferente: os temas abordados geralmente são importantes, geram reflexão, mas não fornecem ferramentas de aplicação prática.
PPEG - Como a tecnologia educacional utilizada para agregar, construir coletivamente o ensino, as formas de pensamento, as relações sociais, como por exemplo, os blogs educacionais e o jogo Second Life (Segunda Vida) podem ser usados como plataforma de ensino?
Sr.Luiz Mello - Nada substitui o professor. Com isso em mente, fica claro que as diferentes ferramentas oferecidas pela tecnologia funcionam como um local a mais onde o ensino acontece. No Brasil ainda se fala muito na utilização dessas ferramentas somente no ensino à distância, e não como complemento das atividades presenciais.
Por exemplo, o blog é uma ótima ferramenta para incentivar a reflexão sobre o que foi aprendido durantes as aulas, o Second Life permite visitar atividades e exposições em locais inacessíveis ou inexistentes na vida real (como a sala de concertos da filarmônica de Leeds, ou nadar no interior de uma célula), mas nenhum dos dois é auto-suficiente: ambos precisam do professor como guia para que a atividade tenha efeito educacional significativo.
Por exemplo, o blog é uma ótima ferramenta para incentivar a reflexão sobre o que foi aprendido durantes as aulas, o Second Life permite visitar atividades e exposições em locais inacessíveis ou inexistentes na vida real (como a sala de concertos da filarmônica de Leeds, ou nadar no interior de uma célula), mas nenhum dos dois é auto-suficiente: ambos precisam do professor como guia para que a atividade tenha efeito educacional significativo.
PPEG-Conte-nos um pouco sobre o seu curso Ensino Internacional, que aconteceu no mês passado e o qual não pude participar. Terá nova edição?
Luiz Mello - Na minha experiência profissional em escolas internacionais, conheci e atestei os benefícios destas práticas pouco comuns no Brasil. Desde então, sinto vontade de compartilhar o que pude aprender com outros professores, para que estes benefícios chegassem á mais salas de aula.
Fiz várias palestras em congressos pelo Brasil enquanto morava em Curitiba e no Rio de Janeiro, mas a distância agora limita bastante, então recorri à internet para continuar ajudando. O curso basicamente oferece um panorama das diferentes práticas comuns em escolas internacionais, trata levemente da fundamentação teórica, e tem a finalidade de ajudar professores a incorporarem pelo menos uma delas em suas salas de aula. Ainda não existe previsão para as próximas turmas, especialmente devido à diferença de fuso horário (que domingo passa a ser de 5 horas), o que complica um pouco achar um horário ideal. Para quem quiser se manter informado, basta visitar http://www.ensinointernacional.com/ que as próximas datas serão anunciadas lá.
PPEG - Se você fosse convidado a ministrar uma aula com um colega da Geografia, como planejaria essa aula?
Sr.Luiz Mello - A Geografia e a Biologia fazem uma conexão muito natural na minha visão. Já tive a oportunidade de trabalhar com o ArcGIS em uma aula de Biologia, onde os alunos estudaram a correlação de indicadores socioeconômicos com a incidência de doenças sexualmente transmissíveis e como a patologia poderia explicar essa correlação. Gostei muito, e se fosse planejar uma aula com um colega da Geografia, provavelmente gostaria de usar o ArcGIS novamente. É realmente uma ferramenta muito potente em termos educacionais. Interessantemente, dentro do meu currículo de Ciências, um dos critérios de avaliação bimestral dos alunos é a capacidade de relacionar temas científicos com religião, política, meio ambiente, cultura, entre outros aspectos mais característicos da disciplina de Geografia. É um critério que eu gosto muito de abordar, pois sinto que a Geografia contribui muito para a melhor compreensão das Ciências.
Ilha da Unisinos-Segund Life
Fonte: Canal d2U2
O blog de vocês é muito interessante...
ResponderExcluirEstou aguardando teu contato sobre a entrevista.