A cidade é um espaço produzido socialmente, portanto, possui realidades complexas e situações múltiplas que correspondem às políticas de ocupação, aos conflitos em relação ao uso e às contradições da apropriação social que influenciam diretamente em suas condições de existência material e simbólica.
O Rio de Janeiro, assim como todas as cidades que apresentam situações semelhantes de desenvolvimento econômico e social, é uma cidade que se constituiu através das desigualdades sociais, políticas, econômicas, culturais e ambientais, gerando inúmeras formas e conteúdos espaciais que influenciam diretamente nos modos de vida, nas relações estabelecidas, na maneira de “avaliar” e conceber determinados lugares, bem como de ser atingido direta ou indiretamente por algumas catástrofes.
As chuvas que assolaram o Estado do Rio de Janeiro no verão de 2010 são uma realidade constante. Constante também são estes problemas. Todo ano, nos meses de verão, a cidade já sabe o que acontece... vivenciamos o resultado desta combinação: temperatura alta, choque de frentes, chuvas intensas, entupimento da rede de esgoto, lixo, assoreamento dos rios, atuais valões que cortam a cidade, ocupação das encostas, aumento da população em áreas de risco, falta de planejamento urbano e ambiental. As conseqüências, também já conhecemos: situação caótica da cidade, prejuízos materiais, mortes, desalojados...
O que houve de novo nas chuvas que assolaram o Estado do Rio de Janeiro, na primeira semana de Abril de 2010? As cenas são as mesmas, porém foi registrada a pior chuva desde 1962, aproximadamente 288 mm em menos de 24 horas, segundo os dados da Prefeitura do Rio de Janeiro, em alguns bairros, de segunda até quinta, já tinha chovido duas vezes mais que a quantidade esperada para o mês de Abril.
Não é novidade também os discursos presentes nestas tragédias. Numa análise preliminar das fontes de notícia, podem-se verificar três discursos perversos e resultantes da extrema desigualdade sócio-espacial que vive na nossa cidade: na primeira cena, o Poder Público culpa os pobres urbanos pelas decisões e práticas de ocuparem e jogarem lixo nas encostas e nas vias públicas da cidade. Numa segunda cena, observam-se os agentes midiáticos formadores parciais de opinião lamentando, buscando motivos diversos numa metralhadora de (des) informações e partindo de uma neutralidade sensacionalista na avaliação das razões ou destacando os fatores e ações da natureza. Numa terceira e marginal cena, evidenciam e propagam o sensacionalismo da imagem do (não)-cidadão pobre lamentando e sofrendo as repercussões das ações da natureza em meio a um espaço com grandes projetos a serem implementados na cidade mercantilizada pela euforia olímpica.
Não é novidade também os discursos presentes nestas tragédias. Numa análise preliminar das fontes de notícia, podem-se verificar três discursos perversos e resultantes da extrema desigualdade sócio-espacial que vive na nossa cidade: na primeira cena, o Poder Público culpa os pobres urbanos pelas decisões e práticas de ocuparem e jogarem lixo nas encostas e nas vias públicas da cidade. Numa segunda cena, observam-se os agentes midiáticos formadores parciais de opinião lamentando, buscando motivos diversos numa metralhadora de (des) informações e partindo de uma neutralidade sensacionalista na avaliação das razões ou destacando os fatores e ações da natureza. Numa terceira e marginal cena, evidenciam e propagam o sensacionalismo da imagem do (não)-cidadão pobre lamentando e sofrendo as repercussões das ações da natureza em meio a um espaço com grandes projetos a serem implementados na cidade mercantilizada pela euforia olímpica.
É com este pensamento e avaliação que a AGB-Rio, constituída por profissionais e cidadãos, apóia as lutas e estratégias de sobrevivência e resistência das populações atingidas pelas últimas chuvas, bem como pelas lutas cotidianas por direitos sociais de uma cidadania plena, e denuncia o descaso, a corrupção e a falta de planejamento e gestão urbana (mas também social, econômica e cultural) da cidade, do estado e do país, refletindo sobre as repercussões e as condições de vida da população do Rio de Janeiro.
Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Rio de Janeiro
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