segunda-feira, 14 de junho de 2010

Entrevista do Mês

“Talvez pelo meu espírito inquieto, inerente a minha própria personalidade, estou sempre em busca de desafios, por isso a palavra “inovação” sempre esteve presente no meu viver e conviver, norteando as opções que fui fazendo no decorrer da construção de meus projetos de vida pessoal e profissional.”
É assim que se define Pedagoga pela UNIJUI, Professora de Graduação e Pós-Graduação Lato-Sensu do Centro Universitário La Salle, Coordenadora Pós-Graduação Lato-Sensu em Informática na Educação (modalidade b-learning), Especialista em Psicopedagogia e Formação em Psicopedagogia Clínica pela Escuela Psicopedagogica de Buenos Aires(EPSIBA). Também com formação em Gestão e Tecnologias para Educação a Distância. (modalidade e-learning),Pesquisadora colaboradora do grupo de pesquisa “Educação Digital” (gp edu UNISINOS/CNPq). A nossa entrevistada do mês é Mestre em Educação pela UFRGS Ana Margô Mantovani, que é a nossa responsável por ter nos ensinado e incentivado a criação do nosso blog!Obrigada professora Margô!

PPEG - Na reportagem do jornal Correio do Povo (7 de abril 2010, leia a reportagem no final da resposta): Equipamento ensina e diverte estudantes, as mesas interativas é mais uma ferramenta que pode aproximar o aluno a ter contato com o computador auxiliando-o no ensino da educação básica?

Professora Margô - Sim, as mesas interativas são recursos pedagógicos importantes tanto para aproximar o aluno do computador de uma maneira lúdica e divertida, assim como para auxiliar na aprendizagem dos alunos nas diversas áreas do conhecimento. Meu primeiro contato com as mesas interativas foi ainda na década de 90, pois o Colégio La Salle São João naquela época já utilizava esta tecnologia.

Enquanto coordenadora do GAIE promovemos duas Feiras de Informática Educacional e lembro-me que um trabalho premiado na I Feira foi justamente realizado pela professora Ângela Maluf com as mesas pedagógicas, pois ela contextualizava o trabalho realizado em sala de aula com o uso dessas mesas. Todo o trabalho realizado com o uso das TDVs só faz sentido se o professor integrar esse trabalho com as atividades curriculares, sendo fundamental a participação do professor nesse processo.
Por isso deixo aqui um “alerta”: não basta apenas usar tecnologias e equipar as escolas com os melhores computadores, pois as tecnologias por si só não fazem milagres! Quem desenvolve metodologias adequadas para o bom uso delas são os professores, por isso eles precisam ser autores desse processo. É essencial que desenvolvam projetos de aprendizagem junto com o professor ou equipe técnica que atua nos laboratórios de informática e que acompanhem os alunos nesse trabalho, pois são os professores de sala de aula que possuem o conhecimento especializado, por isso o acompanhamento deles é indispensável.

Conheço muitas escolas públicas das redes municipais de ensino que transformaram esse trabalho nas chamadas “aulas de informática” nas quais os professores de sala de aula sequer vão para a escola em nome do dia que se legitimou como o “dia de planejamento” (leia-se: dia de folga). Que planejamento? Para quem? Esse é um grande equívoco! Não se justifica um alto investimento em equipamentos e tecnologias se o professor de sala de aula não participa desse processo, repito, sua participação é fundamental para que de fato o uso das TDVs possa contribuir para uma aprendizagem significativa. Por isso, também é necessário que as escolas invistam na capacitação dos professores para o uso de tais tecnologias, pois há muito tempo já é de consenso na comunidade científica da área de Informática na Educação de que o professor precisa conhecer as possibilidades e limitações dessas tecnologias e a única forma de conhecê-las é fazendo uso delas. Este é um trabalho de parceria entre professores e técnicos, pois exige tanto competências técnicas quanto pedagógicas.

E, para finalizar, deixo aqui um outro alerta: temos que ter muito cuidado com o uso de software pronto, empacotado, pois aqui a ação do aluno é mais passiva do que ativa. Então, tantos as mesas interativas quanto demais softwares específicos fechados, devem ser utilizados com um objetivo pedagógico bem delineado e integrados aos trabalhos realizados em sala de aula e com tecnologias e softwares abertos, dinâmicos (como blogs e wikis), nos quais os alunos possam ser ativos e também co-autores desse processo, construtores de conhecimento e não meramente receptores de informações. Aqui o enfoque principal é a aprendizagem e não o ensino!

Mesas Interativas-clique no menu e depois no full para ampliar a tela

PPEG - Como as tecnologias pedagógicas podem agregar no conhecimento do aluno?

Professora Margô - Acredito que já respondi na questão anterior, apenas para complementar, as crianças de hoje são os chamados “nativos digitais” também denominados “Homo zappiens” ou seja, é uma geração que nasceu em plena ebulição de uma cultura cibernética global sustentada pela multimídia e, como conseqüência, se comporta, pensa e aprende de uma forma diferenciada. Autores como Prensky (2001) e os holandeses Veen e Vrakking (2009) apontam que essa geração é digital e a escola continua analógica! Esta é uma geração que pertence a redes (técnicas e humanas) e faz uso delas para resolver problemas, por isso não pensa de uma forma linear, mas pensa em redes e de uma forma muito mais colaborativa do que as gerações anteriores. Por isso precisamos considerar que as suas estratégias de aprendizagem mudaram. Nesse contexto, pergunto: Qual é o nosso papel enquanto educadores preocupados em atender aos anseios e expectativas dos nativos digitais? Precisamos repensar com urgência o nosso papel nesse novo cenário, bem como ressignificar as nossas atuais práticas didático-pedagógicas a fim de aproveitarmos o imenso potencial pedagógico que as TDVs nos trazem.

PPEG - Em seu trabalho de conclusão para a Licenciatura em 2009, com a orientação do professor Sidney Sabedot: “Trilha ambiental virtual - uma nova metodologia aplicada em sala de aula para o ensino de Geografia”, a colega e Geógrafa Priscila Meneguetti abordou a importância de envolver o conteúdo ministrado em sala de aula, depois elaborar uma saída de campo e finalizar construindo um blog educacional mostrando os resultados desse trabalho de campo. Hoje as escolas estão usando mais essa opção de blog educacional para interação e cooperação entre professores e alunos como um material de apoio?

Professora Margô -Iniciei o trabalho com blogs em 2004 e naquela época o uso de blogs na educação era muito restrito, tanto que a literatura a respeito era praticamente americana. Felizmente percebo um grande avanço no uso dessa tecnologia e fico feliz em saber que tenho uma parcela de contribuição nesse sentido, pois este blog é um exemplo de que vocês estão dando continuidade ao blog criado na minha disciplina de Informática e Multimeios na Educação do Unilasalle.
Já aproveito para parabenizar o trabalho de vocês!

O blog assim como as wikis são exemplos de tecnologias abertas e dinâmicas (como eu referi no último parágrafo da 2ª questão) que podem ser utilizadas em qualquer área do conhecimento. Apresentam um alto potencial de interação, colaboração e cooperação onde tanto o professor quanto o aluno passa a ser o construtor e organizador desse espaço. Nesse sentido os processos de autoria e autonomia também passam a ser potencializados, o que é fundamental para que a aprendizagem aconteça!

Os blogs podem ser utilizados na educação de várias formas: para registro de atividades, divulgação de resultados, trabalhos e eventos, sistematização de idéias, assuntos, conteúdos, enfim, a forma de uso dependerá do objetivo pedagógico estabelecido. É importante que seja atualizado constantemente e que busque a interação dos leitores, seja através do campo comentários, enquetes, publicação de reportagens e entrevistas, vídeos, etc.

Pelo relato de vocês o trabalho realizado pela geógrafa Priscila Meneguetti contempla todas as etapas necessárias para a utilização adequada dessa tecnologia, ou seja, o blog foi construído como um complemento e sistematização do trabalho realizado em sala de aula, além de servir para divulgação dos resultados da saída de campo. Parabéns para a Priscila pelo trabalho realizado e, novamente, parabéns para vocês, autoras desse blog!

Um comentário:

  1. Primeiramente gostaria de te agradecer Silvana pela lembrança. Fico feliz de saber que estamos no caminho certo, mas não posso receber todos os créditos sozinha, afinal o meu blog é uma etapa de um projeto maior, por isso é necessário lembrar e agradecer aos outros membros dessa conquista: Rodrigo Machado e Sydney Sabedot.

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